Como tornar a capacitação operacional eficaz através do on-the-job-trainning

No artigo anterior discutimos a importância da capacitação operacional para a produtividade no trabalho. Conforme o que defendemos, a capacitação operacional permite incrementos de produtividade de até 23% em relação as pessoas não capacitadas.

A necessidade da capacitação profissional para a realização correta das rotinas operacionais

A necessidade de educação e treinamento para a boa realização das rotinas operacionais é algo bastante debatido. Ela arremete aos conceitos de gestão de rotinas e melhorias apregoadas pela gestão pela qualidade total e o ciclo PDCA de Deming¹ bastantes difundidas no país a partir da década de 1980. Conforme o ciclo PDCA, após a definição dos padrões dos processos, definido como atividade de planejamento operacional, a primeira atividade a ser desenvolvida é a educação e o treinamento das pessoas responsáveis pela execução dos processos e rotinas operacionais.

Este caminho, embora lógico, é bastante difícil de implementar na prática, especialmente em organizações com um grande número de colaboradores e que estejam distribuídos fisicamente em vários locais.

Como capacitar para o trabalho as pessoas que trabalham dispersas geograficamente?

Convencionalmente os padrões operacionais são definidos e disseminados através de contratos de relacionamento e manuais de procedimentos. Com base nos procedimentos estabelecidos os colaboradores são capacitados. O processo de capacitação operacional das pessoas que irão executar as tarefas dá-se pela transmissão oral do conhecimento por um profissional mais experiente e pelo “aprender fazendo”, ou em inglês o “on-the-job-trainning”

Na nossa avaliação a capacitação operacional conduzida desta forma pode não ser eficaz. Entre os principais problemas desta sistemática destacamos:

  • A falta de garantia de que o conhecimento será transmitido adequadamente e da correta implementação dos procedimentos. Esta forma de transferência de conhecimento tem como base a experiência anterior do multiplicador com o conteúdo e da sua forma de interpretar a implantação correta dos procedimentos. Isto nem sempre é verdadeiro, pois os seus interesses pessoais e suas vivências anteriores poderão influenciar a sua interpretação do que é mais ou menos importante e não o padrão definido.
  • Dependência do operador mais experiente e da sua real qualificação. É importante destacar que uma organização é composta por pessoas, cada pessoa é única e seus valores individuais. Isto se reflete no momento em que o operador mais experiente transmite o conhecimento para o novato que está iniciando as suas atividades operacionais na empresa.
  • Controle sobre a implementação – Avaliação subjetiva. O processo de capacitação e treinamento de atividades operacionais só conclui-se após a adequada verificação da eficácia do processo de treinamento. E esta avaliação será conclusiva a partir do acompanhamento periódico da execução da atividade e da sua validação.
  • Turn-over e necessidade de requalificação. O processo de capacitação operacional é contínuo e poderá demandar muitas horas dos multiplicadores caso o turn-over da organização seja muito elevado. Esta talvez seja uma das principais razões da falha desta forma de capacitação.
  • A forma de aprendizagem de adultos. O processo cognitivo de aprendizagem de adultos difere sobremaneira da aprendizagem de crianças. Há necessidade que o conteúdo seja administrado de forma pratica e rica em exemplos vivenciais. Isto exige dos multiplicadores uma série de habilidades que não estão disponíveis em boa parte das pessoas.

Portanto para que capacitação operacional seja implementada adequadamente as organizações precisam dispor de métodos e técnicas que independam da interpretação de indivíduos multiplicadores. Isto passa a ser possível e viável com o uso de novas tecnologias de capacitação, avaliação e controle, proporcionadas pelo uso de dispositivos móveis e da educação a distância É o que abordaremos no nosso próximo artigo.

¹ Para maiores informações ver no livro “TQC – Controle de Qualidade Total no estilo japonês”. Vicente Falconi Campos, INDG, 1992.

Próximo artigo:

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